sexta-feira, 1 de março de 2013

AS RAZÕES DA EMANCIPAÇÃO




“Dividir para governar”
                               (Maquiavel)
                                                                
     Não é de hoje que alguns políticos de Jaboatão manifestam o desejo colonial de serem fundadores de cidades, “emancipando-as” para logo em seguida serem seus mandatários. A tática é antiga: Dividir para governar. Esse pensamento arcaico já acarretou várias perdas para o município e volta e meia estão vindo à tona.  Em 1928 os territórios de Tejipió foram transferidos para Recife e Pontezinha para a cidade do Cabo. No mesmo ano Moreno e Cavaleiro foram elevadas a categoria de cidade, tendo esta ultima, breve duração.
       Mesmo com essas perdas, hoje Jaboatão dos Guararapes tem uma população de 644 699 mil habitantes que nos faz ser a segunda maior cidade de Pernambuco, a 9ª no Nordeste e a 26ª maior cidade do Brasil, sendo maior que as capitais estaduais: Aracaju (570 937 hab.), Porto Velho (428 527 hab.), Macapá (397 913 hab.), Palmas (228 297 hab.), Boa Vista (284 258 hab.), Vitória (325 453 hab.) entre outras.
    Esse Contingente populacional reveste nossa cidade de um importante poder de barganha, podendo influenciar nos rumos da política local e regional, sendo capaz de captar volumosas quantias de recursos junto a esfera estadual e federal. Recursos esses que viabilizam a instalação de grandes equipamentos urbanos em nossa cidade.   
     O projeto de “emancipação” que não saem da cabeça de alguns políticos provincianos, não é fruto de estudos de viabilidade econômica, nem do desejo da população local, nem tão pouco de um projeto de reestruturação político-administrativa, antes, representa unicamente o interesse particular de alguns políticos que detém o monopólio dessas regiões, em serem os futuros prefeitos das novas cidades.  Onde a população irá custear os privilégios de algumas dezenas a mais de vereadores e uma miríade de cargos comissionados. Esse será o preço da “emancipação”.
     Por outro lado, é bem verdade que a população hoje, sofre os efeitos da segregação espacial que caracteriza nossa cidade. Com uma estrutura urbana partida, Jaboatão possui uma malha urbana descontinua, fato este, decorrente de um processo de urbanização com vazios, fruto da concentração de terras que acabou gerando o espraiamento da cidade. Isso é ainda mais agravado com a centralização dos espaços de decisão política (Cartórios, Fóruns, Câmara, Secretarias, etc..) em um único ponto da cidade. A população passa a sofrer com o transtorno de percorrer longas distancias para resolver questões corriqueiras, e com toda razão tem a sensação que está sem governo.
   Como vimos não será a emancipação que irá resolver esses problemas. É preciso descentralizar a gestão, e isso se fará com umareestruturação político-administrativa. A solução que as grandes cidades lançam mão é a criação de subprefeituras, que são estruturas interligadas a um poder central, mas que possuem autonomia jurídica de representar o Governo Municipal localmente, capaz de dar respostas as demandas da população. Teoricamente, esse deveria ser o papel das atuais Regionais, que, no entanto transfomaram-se em meros “postos de empregos” para a legião de cargos comissionados, criados para acomodar “cabos eleitorais”.
     Se juntos enfrentados diversos problemas, divididos será ainda pior. Se hoje sendo a 26ª maior cidade do Brasil é difícil captar verbas para resolver os grandes problemas de nossa cidade, imagine sendo apenas duas ou três “cidadezinhas”?
    A diversidade cultural, geográfica e econômica que nossa cidade apresenta é um elemento enriquecedor que nos fortalece enquanto povo. Os Curados, Cavaleiro, Jaboatão Antigo, Prazeres, Muribeca e Praias são faces de uma mesma gente, de uma mesma história, de um só povo, deuma só cidade.


 
Mário César Ramos
Núcleo do PSOL – Jaboatão dos Guararapes

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